Meta suspende recursos de IA como o criador de figurinhas do WhatsApp após ser impedida de usar dados de usuários no Brasil

Medida vem após a autoridade nacional de dados barrar a política de privacidade da empresa que permitia o treinamento de sistemas de IA com conteúdo postado nas redes

A Meta, dona do Instagram, Facebook e WhatsApp, informou nesta quarta-feira que interrompeu, no Brasil, o acesso a recursos de inteligência artificial (IA) generativa em suas redes sociais. Entre as soluções suspensas está o criador de figurinhas do WhatsApp.
A decisão acontece depois de a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANDP) suspender a nova política de privacidade da empresa, que permitia o uso de informações e postagens dos usuários para treinar sistemas de IA.

A empresa informou, em nota, que decidiu “suspender ferramentas de genAI (termo, em inglês, para IA generativa) que estavam ativas no Brasil”, enquanto trabalha com a ANPD “para endereçar suas perguntas sobre IA generativa”.

A Meta planejava para este mês o lançamento, no mercado brasileiro, da IA da Meta, um pacote de recursos, já disponível em alguns países, que inclui robôs de inteligência artificial generativa no WhatsApp, Facebook e Instagram.

O anúncio sobre a disponibilidade do novo sistema para o Brasil, em português, foi feito por Mark Zuckeberg, CEO da Meta, no início de junho. 


Além da IA da Meta, a empresa vinha disponibilizando para parte dos usuários brasileiros um recurso de criação de figurinhas usando IA generativa.

A ferramenta permitia a geração dos stickers pelo próprio WhatsApp e Instagram, com base em comandos de texto. As imagens, depois, podiam ser compartilhadas nas conversas.

A decisão de suspender os recursos de IA no Brasil foi similar a postura adotada na União Europeia. Depois autoridades de dados do bloco europeu questionarem a nova política de privacidade da empresa, a companhia anunciou que iria adiar o lançamento do chatbot Meta AI na região.

No mercado europeu, diferentemente do que aconteceu no Brasil, a empresa informou os usuários que iria promover a mudança nos termos da plataforma e que as publicações seriam usadas para alimentar seus modelos de inteligência artificial. No Brasil, o aviso não aconteceu.

Em junho, a Meta começou a coletar informações de vídeos, fotos e legendas postadas nas redes sociais para treinar seus modelos de inteligência artificial. Para bloquear o uso de seu conteúdo, o usuário brasileiro tinha que enviar um solicitação para empresa, em um processo envolvia pelo menos sete passos até chegar ao formulário.

A Meta também teria dificultado o trâmite para os usuários se oporem ao uso de suas informações e infringido a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Para a ANPD, havia “riscos de dano grave e de difícil reparação aos usuários” com a nova política de privacidade.

A alegação da companhia é que o uso das informações públicas de seus usuários teria como fim o aperfeiçoamento de seus sistemas, em um momento em que a Meta vem ampliando os recursos de inteligência artificial generativa em suas plataformas.

Até a noite desta quarta-feira, seguia no ar o formulário para que os usuários brasileiros solicitassem que seus dados não fossem usados no treinamento de IA. A página da “Política de Privacidade” da Meta, no entanto, foi atualizada e passou a trazer um informe: “Neste momento, estamos adiando a aplicação das mudanças que fizemos relacionadas à inteligência artificial”.

Na ocasião do bloqueio de sua política de privacidade, a gigante das redes afirmou, por meio de nota, estar “desapontada” com a decisão da ANPD, que definiu como um “retrocesso”, que atrasaria a chegada “de benefícios da IA para as pessoas no Brasil”.

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