A forma como os sentidos são ativados durante a visita a um imóvel pode determinar, de maneira sutil, a decisão de compra. De acordo com Fernando Bruno Crestani, especialista em inteligência territorial e inovação imobiliária, a arquitetura sensorial vem se consolidando como uma aliada estratégica para incorporadoras e construtoras que desejam oferecer uma experiência mais envolvente e emocional ao potencial comprador.
O conceito de arquitetura sensorial
Arquitetura sensorial é a prática de projetar ambientes que estimulam os cinco sentidos — visão, audição, olfato, tato e paladar — com o objetivo de criar conexões emocionais entre o espaço e quem o vivencia. Em vez de focar apenas em estética ou funcionalidade, esse conceito leva em conta a percepção subjetiva que um indivíduo tem de determinado lugar.
Segundo Fernando Bruno Crestani, a decisão de adquirir um imóvel envolve muito mais do que critérios racionais. Conforto, bem-estar e sensação de pertencimento são fatores intangíveis que fazem diferença na jornada de compra, e todos estão diretamente ligados à forma como o ambiente é percebido sensorialmente.
A importância da visão na composição dos espaços
O estímulo visual ainda é o mais explorado no setor imobiliário, por meio da escolha de cores, iluminação, proporções e disposição de móveis. Ambientes claros, com boa entrada de luz natural e uma paleta harmônica transmitem sensação de amplitude e tranquilidade.
Conforme destaca Fernando Bruno Crestani, o uso estratégico da luz e do contraste de materiais pode provocar respostas emocionais imediatas. Um imóvel bem apresentado visualmente tem mais chances de gerar empatia e despertar o desejo de compra logo nas primeiras impressões.
O olfato e suas associações afetivas
Poucos elementos são tão capazes de ativar memórias e afetos quanto os aromas. Um leve cheiro de madeira, de café recém-passado ou de lavanda pode remeter à infância, à sensação de lar ou ao relaxamento. Incorporar fragrâncias sutis aos plantões de vendas ou ao decorado é uma técnica simples, mas poderosa.
De acordo com Fernando Bruno Crestani, o olfato tem o poder de ancorar sentimentos positivos a um espaço, tornando a experiência mais agradável e memorável. O aroma certo pode reforçar o conceito do imóvel — seja ele urbano, rústico, sofisticado ou minimalista.
Sons e ruídos: a acústica também comunica
O som ambiente também influencia diretamente a sensação de conforto. Ambientes silenciosos, com isolamento adequado, são percebidos como mais seguros e acolhedores. Já músicas suaves podem ajudar a reduzir a tensão do comprador durante a visita.

Assim como frisa Fernando Bruno Crestani, o cuidado com a acústica — tanto no projeto arquitetônico quanto na ambientação do showroom — é cada vez mais valorizado, principalmente em empreendimentos de alto padrão ou voltados para famílias.
Tato e texturas: interação física com o ambiente
A sensação ao tocar superfícies, encostar em móveis ou caminhar pelo piso impacta o senso de qualidade do imóvel. Materiais como madeira natural, tecidos nobres, pedras e revestimentos agradáveis ao toque transmitem conforto e solidez.
Investir em acabamentos táteis e permitir que o visitante explore os espaços com liberdade reforça a credibilidade da marca e aumenta o envolvimento com o imóvel. Mais do que ver, o comprador precisa sentir o ambiente como parte do seu cotidiano.
Paladar: experiências que despertam conexões
Ainda que menos explorado, o paladar pode ser incorporado à experiência sensorial por meio de degustações oferecidas em eventos de lançamento ou plantões especiais. Servir café, sucos ou snacks de forma elegante transmite hospitalidade e cria uma atmosfera acolhedora.
Essa atenção aos detalhes mostra cuidado com o cliente e contribui para que a visita seja lembrada como algo agradável. E em um mercado competitivo, a memória positiva pode ser o diferencial que influencia a decisão final.
Sensações que geram valor e decisão
A arquitetura sensorial não substitui atributos técnicos como localização, metragem ou valor do imóvel, mas atua como um fator de reforço emocional no processo de escolha. Ela transforma a visita em experiência, o imóvel em sonho, e o ambiente em uma extensão do estilo de vida desejado pelo comprador.
Incorporar esse conceito aos projetos e às estratégias de venda é, segundo Fernando Bruno Crestani, um passo natural rumo a um mercado imobiliário mais centrado no ser humano — onde comprar um imóvel vai além da lógica e se aproxima da emoção.
Autor: Friedrich Nill